Comunicação de Risco
Hipericão e potenciais interações ...
Apesar da sua eficácia e perfil de tolerabilidade, tem se verificado inúmeras interações do hipericão aquando da co-administração de outros fármacos, sendo reportado principalmente diminuição das concentrações sanguíneas de inúmeros fármacos o que levará a uma perda da sua eficácia terapêutica . É necessário, por isso, ter cuidado e consultar o seu médico se toma algum dos fármacos descritos na tabela abaixo indicada antes de iniciar a toma do hipericão.
Por outro lado, fármacos com uma janela terapêutica estreita devem ser monotorizados regularmente quando o hipericão é adicionado, descontinuado ou a dosagem é mudada. [13]
Interações farmacocinéticas
Ocorre principalmente com fármacos que em algumas etapas da sua farmacocinética podem ter envolvidas enzimas metabolizadoras como a CYP3A4 ou A CYP2B6 ou bombas de efluxo como a GpP podendo sofrer alterações nas suas concentrações aquando da co-admnistração com o hipericão. Esses fármacos são:
1.contraceptivos orais
A maioria dos esteróides presentes nos contraceptivos orais são substratos do cyp3A4 por isso, a associação destes com hipericão promove uma diminuição das suas concentrações sanguíneas e por isso, pode ter como consequências gravidezes indesejadas e hemorragias uterinas intermenstruais. [13,14]
2. Fármacos com ação no sistema cardiovascular
Digoxina: É usada na insuficiência cardíaca e nas arritmias ventriculares e é um substrato da glicoproteína P. Verifica-se que o tratamento com múltiplas doses de hipericão promoveu uma alteração da farmacocinética da digoxina devido à indução da glicoproteína P intestinal, tendo como consequência a diminuição da sua absorção em 50%, baixando as suas concentrações plasmáticas o que se poderá traduzir em perda da eficácia terapêutica. [14]
inibidores da HMG-CoA redutase: A atorvastatina e a sinvastatina são substratos da CYP3A4, para além de que a sinvastatina é também substrato da glicoproteína P. A administração simultânea com o hipericão diminui o seu efeito farmacológico. [13,14]
Também reduz as concentrações plasmáticas da nifedipina e verapamilo (bloqueadores dos canais do cálcio e metabolizados pela CYP3A4). [21]
3. Opiódes
Metadona: A combinação com o hipericão pode induzir sintomas de descontinuação promovendo o abuso de drogas ilícitas. [14]
4. Broncodilatadores
Teofilina: A co-administração com o hipericão reduz a sua concentração plasmática, reduzindo o seu efeito terapêutico. No entanto, verifica-se que após a descontinuação do hipericão, as suas concentrações plasmáticas aumentam para o dobro podendo levar a uma situação de toxicidade, como convulsões. A teofilina é principalmente metabolizada pela CYP1A2, mas também pela CYP2E1 e CYP3A4. [13,14,21]
5. Anti-histamínicos 3ª geração (não sedativos)
Fexofenidina: Em alguns estudos verificou-se que a co-administração com uma única dose de hipericão provocou um aumento das suas concentrações plasmáticas, pelo fato de uma única dose de hipericão poder provocar inibição da Gpg, já com a administração prolongada do hipericão houve uma diminuição da concentração máxima devido à indução da GpP. [14]
5. Imunossupressores
ciclosporina: Substrato da Cyp3A4 e da glicoproteína P e, por isso, o hipericão pode reduzir os seus níveis sanguíneos para níveis subterapêuticos levando a rejeição do órgão transplantado. [14]
6. Anticoagulantes
warfarina: O uso concomitante com o hipericão pode levar à perda da sua atividade anticoagulante, podendo desencadear-se como consequência, eventos trobolíticos. O hipericão reduz as suas concentrações plasmáticas por indução da CYP34 e possivelmente de outras isoenzimas. [13,14,21]
7. Agentes anti-HIV
Inibidores da protease (indinavir): O hipericão aumenta o seu metabolismo a nível hepático e também diminui a sua absorção (em cerca de 50%), diminuindo os seus níveis sanguíneos o que pode levar a um aumento da carga viral, resistência e falência da terapêutica. [13,14]
Nota: Indivíduos com HIV em terapêutica com inibidores da protease devem evitar o uso de hipericão ou de misturas de plantas que contenham hipericão.
8. Anticancerígenos
Irinotecano: usado no tratamento do cancro colon-rectal e do pulmão, substrato da cyp3A4 e da glicoproteína P. O hipericão reduz a quantidade do seu metabolito ativo ocorrendo também uma diminuição da mielossupressão. [14]
Nota: Individuos com cancro em tratamento com este fármaco devem evitar o consumo de hipericão.
9. Sedativos
Alprazolam, midazolam: Ambos são substratos da cyp3A4. Em alguns estudos verificou-se que a administração a longo prazo promoveu um aumento da clearance destes fármacos [14]
Interações farmacodinâmicas:
Este tipo de interações muitas vezes deve-se ao fato de haver uma sobreposição de mecanismos de ação idênticos aquando da co-administração do hipericão e outros fármacos, como:
1. Antidepressores - inibidores da recaptação da serotonina (SSRI) ex:. fluoxetina e paroxetina e antidepressivos tricíclicos
-O uso combinado de hipericão com estes fármacos pode provocar síndrome serotoninérgico principalmente em idosos, caracterizado por confusão, delírios, agitação, náusea, diarreia, sudação, hipertermia, rabdomiólise, descoordenação motora, diaforese e tremores que pode ser fatal e ainda pode provocar hipertensão. Pelo fato de tanto o hipericão como os fármacos mencionados aumentarem a concentração de serotonina na fenda sináptica. Por isso, a combinação do hipericão com SSRI's deve ser evitada. [13,14]
2. Analgésico de ação central - tramadol
- A associação ou a administração sequencial com hipericão pode provocar síndrome serotoninérgico [13]
3. Analgésico (propofol, fentanil, sevofluorano)
- A associação com o hipericão pode provocar sedação excessiva [13]
4. Loperamida (antidiarreico)
- A co-administração com hipericão pode provocar delírios [13]
5. veleriana
- Existência de casos em que a co-administração com hipericão provocou delírios [13]