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Hipericão e as suas múltiplas ações...

Depressão - Teoria da monoaminas [6]

​Os sistemas noradrenérgicos e serotoninérgicos são responsáveis por modular áreas do cérebro relacionada com as emoções, comportamento e pensamento. Por isso, segundo esta teoria a depressão surgirá por deficiência em algum aspeto da farmacologia das monoaminas, nomeadamente por alteração da produção e da recaptação fazendo com que haja menos monoaminas na fenda sináptica.

 

Mecanismo anti-depressor e ansiolítico

Apesar de ter vindo a ser demonstrada a sua eficácia antidepressiva o seu mecanismo de ação ainda não foi claramente compreendido. E alguns estudos recentes, vêm também demonstrar que a ação farmacológica do hipericão poderá não resultar apenas de um grupo restrito de compostos mas sim devido à interação entres os múltiplos compostos bioativos presentes na planta. [7]

No entanto, algumas hipóteses vão sendo levantadas...



Quanto à hiperforina a principal ação que lhe é atribuída é:

1) Inibição não seletiva recaptação da serotonina, noradrenalina, dopamina, 5-hidroxitriptimina (5-HT), ácido gama-aminobutírico (GABA) e do L-glutamato [5,8,9]

 

A inibição da recaptação de forma não específica de todos estes neurotransmissores pela hiperforina parece envolver:

- Mudanças nas concentrações intracelulares de iões como o sódio (Na+) e ião hidrogénio (H+) promovendo um aumento destas correntes, parecem estar envolvidos na inibição da recaptação da serotonina. [5,7,9]

-  Mudanças no seu armazenamento ao nível das vesículas sinápticas, parecem estar envolvidos na inibição da recaptação da 5-hidroxitriptimina. [5,7,9]

- A inibição da recaptação da dopamina parece estar associada a interações não competitivas com o transportador da dopamina. [7]

- Uma outra explicação é que a hiperforina parece exercer esta ação por ativação de um  canal de cálcio transitório (TRPC6), que está associado a estas duas patologias, permitindo a entrada de iões cálcio e sódio e desta forma inibindo indiretamente a recaptação das monoaminas, uma vez que provoca um diminuição no gradiente de sódio, que parece ser a força motriz para a recaptação destes neurotransmissores. [10]



​No entanto outros mecanismos têm vindo a ser estudados...

2) Parece demonstrar ação antagonista do ácido glutâmico nos recetores NMDA podendo vir a ser usada na prevenção de recaídas em alcoólicos[5]

3) Interação com recetores dopaminérgicos D2, parecendo, tal como outros anti-depressores aumentar a sensibilidade dos recetores dopaminérgicos pós-sinápticos no sistema mesolímbico por um mecanismo ainda não conhecido. [9]

4) Interação com os receptores sigma. Vários estudos, como referenciado por Mennini et al., têm sugerido que os extratos de hipericão podem atuar indiretamente nos receptores sigma por formação de um metabolito  ou libertação de um ligando endógeno. [9]

 

Quanto à hipericina, não parece ter uma ação tão proponderante no efeito antidepressivo do hipericão, tendo sido inicialmente descrito como um inibidor da monoaminooxidase A e B (MAO-A e MAO-B), no entanto alguns estudos têm vindo a demonstrar que este efeito não é clinicamente significativo não sendo possível confirmar o seu efeito inibitório da mau em estudos subsequentes . [7,9]



 

Outros mecanismo que têm vindo a ser atribuídos...

Ação anti-microbiana

A hipericina e a hiperforina demonstram atividade antibacteriana e possível atividade antifúngica [4]

 

Ação cicatrizante

A atividade cicatrizante do hipericão deve-se à estimulação de produção de colagénio pelos fibroblastos bem como à estimulação da sua ativação [4]

 

 

Ação anti-inflamatória

A hiperforina parece inibir a proliferação e desgranulação  dos leucócitos polimorfonucleares, reduz a expressão de moléculas de adesão. Desta forma, impede a libertação de elastase que degrada os tecidos, bem como inibe a chamada de mais células inflamatórias ao local de inflamação, impedindo a amplificação do processo inflamatório. Por outro lado, também parece bloquear a 5-lipoxigenase (5-LOX) e a ciclooxigenase 1 (COX-1), duas enzimas essenciais para a biossíntese de ecosanóides pró-inflamatórios. [5,11]

Figura 1. Papel da Cox-1 e da Cox-2 no processo inflamatório, com a produção de prostaglandinas, algumas delas pro-inflamatórias.

 

Ação antioxidante

​O extrato de hipericão tem também demonstrado que inibe a geração de espécies reactivas de oxigénio (ROS). Esta propriedade é atribuída ao elevado conteúdo fenólico da planta. Os compostos fenólicos têm a capacidade de doar hidrogénios aos radicais livres dando origem a compostos mais estáveis e impedindo a peroxidação lipídica. [12]

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